Textos de Cyberquel

OUTRA VEZ

Outra vez eu olhei através do espelho
Vi além dos meus olhos vermelhos
Dei de cara com meu coração.
Outra vez eu tentei olhar através dos meus sonhos
Do olhar de espanto e pesadelos medonhos
E outra vez dei de cara com meu coração.
Outra vez fui andar com a solidão
Pedir conselho e lhe dar minha mão
E novamente descobri, era o meu coração.
Outra vez eu tentei acompanhar os meus passos
Tão depressa, embora escassos
E então percebi era culpa do meu coração.
Outra vez eu tentei ser feliz, mas não pude
E nas palavras de amor que iludem
Quis deixar o meu coração.
Mas ele não quis,
Esperneou, chorou e sacode
Fez birra, sangrou e explode
Não quer aceitar esta condição.
Eu tentei, fui à luta, briguei
Não deu certo, desisti e chorei
E novamente dei de cara com meu coração.
E contou, segredou a causa dos males
Dos desamores e tristes olhares
Eu estava na contramão.
Ele falou que quando tentei ocupá-lo com outro
Habitá-lo com alguém
Ele só quis expulsar, não podia aceitar a situação.
Porque a cadeira cativa do meu coração
Quem ocupa é você
Não podia aceitar um segundo
Nem qualquer outro ser deste mundo
Que não fosse você.
Outra vez ao encarar a dura realidade
Só senti no peito a doce saudade
De um amor que não deu prá esquecer.
Outra vez admiti para mim mesma
Que esta paixão ainda acesa
A distância só alimentou.
Outra vez, admito, me calo, consinto
Eu te amo é verdade, não minto
São coisas do coração.
Outra vez só você me vem à lembrança
E acende de novo a esperança
De, quem sabe, outra vez nos darmos as mãos
Outra vez olho pela janela e aguardo
Que meu amor passageiro e alado
Faça um dia ranger o portão.

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